Produtividade brasileira não é motivo de comemoração
O investimento em qualificação profissional gera profissionais não só mais produtivos, mas também mais críticos.
Durante os ultimos anos, a palavra produtividade esteve no centro dos debates sobre economia e políticas públicas no Brasil e fez parte das inquietudes dos empresários. A preocupação não é vã, dadas as consequências negativas observadas por um levantamento da consultoria McKinsey & Company. Segundo o estudo a expansão do produto interno bruto (PIB) poderia ter sido 45% maior entre 1990 e 2010 não fosse o efeito negativo da produtividade, que puxou o resultado para baixo em 1,4 ponto percentual.
Produtividade é vital, mas afinal qual é a sua serventia? De acordo com o professor norte-americano e vencedor do prêmio Nobel da Economia de 2008, Paul Krugman, "produtividade não é tudo, mas no longo prazo é quase tudo. A capacidade de um país melhorar seu padrão de vida no longo prazo depende quase inteiramente de sua capacidade de aumentar a produção por trabalhador".
Isso quer dizer que o real enriquecimento só é possível se os trabalhadores passarem a produzir mais? Evidente que sim, na opinião de vários especialistas entre eles o professor de macroconomia da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fidecafi), Celso Grisi: "Entre as causas do baixo crescimento brasileiro encontram-se dois fatores: a falta de investimento e de qualificação dos trabalhadores", garante.
Em número de dias e horas, o brasileiro trabalha bem mais do que o francês, o australiano, o holandês, o italiano e o alemão. Na prática, porém, a quantidade de horas trabalhadas não é proporcional ao que ele produz. Ser produtivo é produzir mais e melhor, no mesmo tempo.
O trabalhador brasileiro é mal preparado e não tem aptidões para assumir tecnologias mais avançadas. Ademais, a Consolidação das Leis do Trabalho representa um grande empecilho ao avanço do País por ser extremamente paternalista e não estimular o profissional a assumir compromissos.
O problema da produtividade nacional só pode ser resolvido, em curto prazo, com gestão, na opinião do professor da Fundação Dom Cabral, Hugo Ferreira Tadeu Braga: "A palavra gestão deve ser interpretada como adoção de técnicas de avaliação de custo homem hora e a sua produtividade diária, mensal e anual. Afora estes fatores, o aumento do número de horas treinamento seria um critério razoável para os empregadores medirem se o processo de aprendizado estaria gerando aplicabilidade e redução de custos nas empresas".
Estudos do Banco Mundial associam a cultura empresarial, clima organizacional e felicidade como instrumentos que gerariam ganhos de produtividade empresarial.
Empresas relevantes são aquelas com olhar de futuro, investimento em pessoas, educação e inovação.
Fonte: Contas em Revista